terça-feira, 8 de julho de 2008

O julgar

É fácil falar de alguém. É fácil julgar ao próximo por uma atitude que não nos agradou. A visão que temos de mundo, de relacionamento, de vida, faz com que os nossos “pré”conceitos se aflorem e exacerbem a vontade de condenar. Somos o produto de uma história, cada um com sua formação, ninguém se pode afirmar igual ao seu semelhante - Percebeu o paradoxo? Igual ao semelhante? - Ufa!!!Semelhante!!! Essa é a palavra que melhor nos descreve.

Os nossos julgamentos estão sempre embasados naquilo que aprendemos ser certo ou errado. Em sua maioria está baseado no arquétipo, algo que nos foi imputado por nossos ascendentes, ou simplesmente pelo que “moralísticamente” aprendemos em nosso dia a dia, na comunidade em que vivemos. É fácil julgar as pessoas, pois o julgamento nos coloca acima delas, e isso é bom para o nosso ego, faz-nos sentir donos de uma razão, razão esta, totalmente irracional.

A empatia, o se colocar no lugar do outro é imprescindível para o entendimento do que se passa em sua (de outrem) mente. Isso é um sinal de sabedoria, pois demonstra que você está tentando entender “empiricamente” a situação, mesmo que para você, esta seja apenas “virtual”. É certo que nunca saberemos exatamente o que se passa na mente da outra pessoa, teremos apenas uma idéia. No entanto esta atitude já é um bom começo para nos impedir o pré-julgamento. Como Augusto Cury falaria “ esta atitude nos daria uma visão multifocal”. (risos)

Há outra forma de se tornar mais tolerante e compreensivo, sabe qual??? Errando!!! Sim. Quando erramos e temos a capacidade e humildade de admitir os nossos erros, percebemos a nossa humanidade, a nossa fragilidade, esvaziamos o nosso ego e nunca veremos o outro como inferior. Salomão, o grande rei de Israel, diria que isso é um sinal de inteligência. Não pense que estou dizendo que temos que sair por aí errando pra se tornar mais compreensivo, pois não é isso. Os erros do cotidiano, que acontecem naturalmente, devem servir como base para uma autocrítica.

Infelizmente muitas pessoas erram e não conseguem fazer uma auto-análise, continuam errando e o pior condenando os que erram. Vivem em um mundo fechado, no qual os seus próprios princípios imperam. Se tornam engessados para novas idéias, novos conhecimentos e principalmente para a compreensão das atitudes alheias.

Entender o mundo sob diversas perspectivas e compreender que cada um tem um pensamento diferente, uma visão de mundo diferente, uma educação diferente, compreensões diferentes, é essencial para a vida em comunidade. Se a sociedade entendesse pelo menos isso, o mundo seria menos opressor. Sim, é isso mesmo. O mundo quer que sejamos perfeitos. Há sempre um ícone, alguém em quem devemos nos espelhar, e se não conseguimos ser igual ou superior, somos incompetentes e logo surge a depressão. Mas isso é assunto para outra meditação.

Quando olhamos para o lado, para o nosso próximo, podemos cair em dois buracos. O primeiro se chama vanglória, pois veremos no outro algo inferior e nos encheremos de soberba e vaidade. O segundo se chama inveja, olharemos para o outro como superior, almejaremos estar na posição dele e o mataremos com o nosso coração.

Como disse no começo desse monólogo, somos semelhantes, ninguém se julgue melhor ou até mesmo inferior, se julgue diferente. O respeito às diferenças é que nos fazem mais humanos. Quando se comparar a alguém, se compare àquele que peregrinou na terra sem cometer nenhum pecado, àquele que mesmo sem pecados não veio para condenar e sim para dar salvação. Quando se comparar a essa humilde pessoa você entenderá quem realmente você é, e se tornará uma pessoa mais tolerante e compreensiva.

Um comentário:

Unknown disse...

Achei bastante interessante esse texto. Ele nos dá uma visão ampla sobre o ato de julgar, nos fazendo refletir sobre os dois lados da questão. Muitas vezes julgamos sem perceber, pelo fato de já termos um conceito formado pela nossa educação e aí é que entra a necessidade de observarmos e considerarmos melhor o nosso próximo.
Valeria a pena publicar esse texto em algum jornal ou revista, hein...muito bom!!!